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Kit multimídia é lançado como material didático na educação especial

Kit multimídia é lançado como material didático na educação especial

Alunos com necessidades especiais que estudam nas primeiras séries da rede pública do ensino fundamental já podem ter acesso ao livro didático com as mesmas condições dos livros distribuídos aos alunos que ouvem e que enxergam sem dificuldades. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) distribuiu 20 mil exemplares de uma publicação para estudantes e de outra para professores. “Este é um marco histórico para a inclusão educacional do Brasil”, afirmou Cláudia Dutra, secretária de Educação Especial do Ministério da Educação.
Trocando Idéias: Alfabetização e Projetos em Língua Brasileira de Sinais é um kit multimídia (um livro e um CD) dirigido a crianças com surdez que estão em processo de alfabetização. “O aluno interage frente ao computador. Ele lê em português, confere a tradução simultânea e ainda vê as figuras. É um trabalho único”, ressalta a educadora Clélia Regina, autora do livro. De acordo com a educadora, é a primeira vez no mundo que existe um livro voltado para alunos com necessidades especiais com igualdade de condições aos livros do ensino regular. Além disso, o kit multimídia possibilita também o entendimento dos pais dos alunos, já que a língua portuguesa será apresentada simultaneamente à linguagem brasileira de sinais.
A segunda publicação é voltada para a capacitação de professores do ensino regular. A inclusão do aluno com baixa visão no ensino regular partiu da experiência de uma mãe. Mara Siaulis era professora de geografia quando sua terceira filha, Lara, ficou cega devido à complicações resultantes do parto prematuro. “A partir disso, eu larguei a minha profissão e fui aprender como educar a Lara, já que eu não sabia como me comunicar com minha filha”, conta.
Mara Siaulis fez o curso de pedagogia especializada no ensino de crianças cegas e fundou, há 16 anos, a instituição Lara Mara, que atende 600 crianças e jovens. O livro reúne todas as experiências desenvolvidas pela mãe como, por exemplo, a maneira utilizada para que a criança cega reconheça sua carteira, que é forrada com tecido. “Hoje o meu trabalho tem uma dimensão nacional. Não sei se eu alcançaria isso se a Lara não tivesse nascido”, relata.
A tradutora Heloísa Diniz, responsável pela transcrição do material para Libras é surda de nascença e filha de surdos. Alfabetizada com o auxílio da mãe, Heloísa destaca a importância do material para o entendimento da criança. “Quando eu leio plim plim, eu não associo isso ao som da água caindo — já que eu nunca ouvi a água cair. O sinal traduz o movimento da água caindo e isso, sim, as crianças surdas podem entender”, explica.
O secretário executivo adjunto do MEC, André Lázaro, destacou o desempenho de escolas do ensino regular que atendem alunos com necessidades especiais em avaliações como a Prova Brasil. Um estudo sobre o desempenho das escolas que obtiveram melhores notas demonstrou que todas tinham, entre outros fatores, alunos com necessidades especiais. De acordo com o secretário, a presença desses alunos influi na mobilização social. “Todos ganhamos quando incluímos”, ressaltou.
Ana Guimarães Rosa
Potal do MEC

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